As batidas apresentadas aqui foram produzidas, fotografadas e bebidas por mim, com importantes interferências da minha mulher, Maria Helena, que, além de experimentadora, teve méritos ao criar algumas receitas deliciosas. Credito a ela a ideia da batida de limão com uva Itália, que passou a fazer parte das minhas preferidas.

A produção, fotografada e bebida, é o resultado de mais de dois anos de “exercícios” semanais, normalmente aos sábados. Quando há a obrigação de dirigir no sábado transfiro o “sacrifício” para o domingo.

A sofrível qualidade da fotografia reflete a qualidade, também sofrível, do fotógrafo. Um pano preto de fundo, na cozinha, e uma câmara, por coincidência, também sofrível. Minhas receitas de batidas utilizam exclusivamente frutas frescas. Alguns poucos temperos são utilizados como ingredientes.

O uso de bebidas coloridas, essências, licores e cremes poderia descaracterizar minha intenção, que é a de indicar opções que podem estar à mão de qualquer um.

As frutas utilizadas podem estar no sítio, na fazenda ou no sacolão da esquina. De um modo geral os livros de receitas de coquetéis são pródigos em receitar drinks sofisticados. Um Martini Seco, um Manhattan, um Bloody Mary ou um Alexander são charmosos e saborosos, mas demandaria um trabalho mais especulativo, sem a simplicidade da batida bem brasileira.

Eventualmente pode aparecer aqui algum coquetel já conhecido, mas certamente terá recebido um tratamento caseiro, como é o caso da versão caipira do Bloody Mary, que eu chamo de Maria Capeta e o meu Traçado Elegante, versão mineira do Martini Seco.

A criatividade do mineiro na culinária é reconhecida. Na preparação de batidas ele mostra sua habilidade, utilizando ingredientes comuns, encontrados em qualquer quintal. A sabedoria é o melhor ingrediente, com a improvisação no uso do destilado e da fruta disponível no momento.

A intenção do autor sempre foi a de criar uma boa bebida, com qualidade e sabor. Por enquanto são cerca de 80 receitas; a meta é chegar a cem. Falta acesso a outras frutas do quintal brasileiro.

Um abraço,
Nacib Hetti

Não existe a preferida, mas algumas estarão sempre na mira, dependendo das circunstâncias e da disponibilidade da fruta. Apenas para não deixar o capítulo em branco estou listando aquelas que são mais repetidas: pitanga, caju, carambola, romã, grapefruit, lima e o indefectível limão em suas diversas variações. Em compensação tem algumas que eu fiz e não quero ver, nunca mais; jatobá, por exemplo. Surpresas agradáveis foram as batidas de jenipapo e pequi, ficaram bem melhores do que as frutas “ao vivo”.

A relação indica o necessário para estar, sempre, preparado para criar uma boa batida de fruta. Nada sofisticado, mas de boa qualidade. A improvisação pode surpreender ao se fazer misturas e utilizar o destilado adequado à fruta disponível. Vale o princípio da tentativa e erro.

Cachaça branca de qualidade
Cachaça envelhecida
Vodka importada
Gim importado
Rum claro importado
Rum envelhecido
Tequila
Pisco peruano
Bourbon Whisky

Açúcar refinado
Açúcar mascavo
Adoçante
Sal e pimentas
Molho de tomate
Água gasosa
Tábua para cortar as frutas
Faca amolada
Copo alto para mistura
Dosadores
Colher comprida (para mistura)
Peneiras
Coqueteleira
Processador
Copos diversos
Balde de gelo
Moedor de gelo
Espremedor de fruta
Existe um copo adequado para cada tipo de bebida. No entanto poderá, circunstancialmente, ser usado qualquer copo. Servir uma batida de romã em um copo tipo “lagoinha” não dá, como também não combina servir uma batida de limão capeta em cálice de cristal. O bom senso deve prevalecer.
A qualidade da batida não depende só da técnica, mas também da bebida destilada que está sendo usada. Não vale a pena usar uma bebida barata. Seu convidado merece o melhor, e seu fígado também. O mesmo raciocínio vale para a fruta, que deve ser, sempre, fresca e no ponto. A fruta muito madura ou ainda verde pode estragar a bebida e sua boa intenção.
Sou muito elogiado pela qualidade das minhas batidas. Às vezes alguém diz que não conseguiu fazer uma batida tão boa, repetindo a minha receita. Na revisão observo os seguintes defeitos (nos outros): uso exagerado de açúcar ou adoçante; uso de destilado de baixa qualidade; fruta que passou “do ponto” e, quase sempre, a utilização de pouco gelo. A batida de fruta é uma bebida tropical e exige muito gelo, quebrado ou moído. Com o tempo todo mundo aprende o “segredo”.